
:: O que esmorece padece de morte
poema de Nunalves da Silva
Todas as coisas parecem esmorecer.
Ainda que muita a vigência
a seu tempo
padece e morre.
Esmorece o cuidado das minhas plantas
padecem no aquário peixes inocentes.
Morre a minha vontade.
Esmorece o equilibrio das portas
as paredes húmidas padecem frias.
Morre o meu contributo.
Livros que esmorecem na prateleira
padecem intocáveis as revistas semanais.
Morre o meu afinco.
A compostura esmorece embriagada
as limpezas padecem felizes.
Morre o meu aprumo.
Parentes esmorecem ao longe
Caídos padecem os ombros.
Morre a estima.
Esmorece a pincelada
Padece a minha crença.
Morre o interesse.
Esmorece o interesse
padece o equilíbrio.
Morre a sensatez.
Esmorece coração.
Padece corpo.
Morri.
Só.